As 10 competências do profissional do futuro

Equipe FRST
23/9/2022
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Leitura: 5 minutos
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Enquanto o futuro do trabalho é tecnológico, o profissional do futuro é aquele que potencializa suas características humanas – como pensamento crítico, inovação, colaboração e flexibilidade cognitiva. Tecnologias como automação, robótica, realidade virtual, biotecnologia, impressão 3D e inteligência artificial elevaram as máquinas a uma potência inédita de trabalho. Essa nova era, chamada de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial, está gerando grande impacto no mercado global.

O Fórum Econômico Mundial começou a tratar do tema há décadas e se tornou uma das principais referências sobre tendências e competências do futuro. Em suas reuniões globais e relatórios de peso como The Future of Jobs, há um consenso: é preciso se preparar profissionalmente para uma nova era, que será marcada pelo aprendizado contínuo (conhecido como lifelong learning), por grandes disrupções e pela importância de habilidades fundamentalmente humanas.

A mudança em curso é tão grande que a instituição estima que, entre 2016 e 2020, 35% das habilidades em alta já tenham se alterado. Além disso, aponta que 65% das crianças hoje no primário terão empregos completamente novos quando entrarem no mercado – e eles já começaram a surgir, de cientistas de dados a desenvolvedores de apps e pilotos de drones. Segundo sua pesquisa mais recente sobre o tema, que analisa expectativas para 20 economias e 12 setores até 2022, “75 milhões de postos de trabalho atuais podem ser deslocados na divisão entre humanos, máquinas e tecnologia, enquanto 133 milhões de novos papeis podem surgir ao mesmo tempo”.

Neste mundo hiper tecnológico, o papel do profissional de alta performance se torna duplo: além de entender e trabalhar com as novidades – seja através de upskilling, um novo aprendizado, ou de re-skilling, uma atualização –, ele deve alavancar suas características humanas para potencializá-las.

Entre elas, destaque para criatividade, flexibilidade, pensamento crítico, negociação, comunicação avançada e inteligência emocional. Não é por acaso. São habilidades e competências socioemocionais sobre as quais as máquinas têm pouquíssimo domínio e que serão essenciais para o novo cotidiano, tanto na interface entre pessoas quanto entre pessoas e máquinas. Até 2030, estima-se que sua demanda vá subir 26% nos EUA e 22% na Europa.

Será preciso aprender a aprender (e de forma autônoma) para conseguir se manter competitivo. Para os especialistas, este não é apenas um papel individual: para que possam prosperar e competir nesse novo mundo, as empresas devem tomar a dianteira e traçar planos para atualizar seus próprios times.

Como a única constante é a mudança em si, não basta se preparar para aquelas que estão em curso. É preciso levar em conta que outras, ainda desconhecidas, acontecerão no futuro. Por isso, mesmo que não se saiba com exatidão quais são os desafios pela frente, equipar-se corretamente é a melhor maneira de superar situações de incerteza.

Nesse contexto, o Fórum Econômico Mundial destacou 10 aprendizados úteis para qualquer profissional de alta performance, não importa em qual indústria, nível ou função atue. Justamente por serem socioemocionais e de raciocínio lógico, muitos deles se conectam entre si – e aprimorar-se em um significa aprimorar-se também em outro.

Colaboração

Essa competência melhora a empatia e torna o trabalho em equipe mais fácil, ágil e eficaz. Ao colaborar e coordenar nossas ações com as ações de outros, garantimos que tudo esteja funcionando bem em um projeto.

Ela não depende de posição hierárquica, nem do tamanho do time. Ao priorizar a comunicação e a compreensão da necessidade alheia, permite que interações problemáticas ou pouco produtivas sejam substituídas naturalmente. Munidos desse conhecimento, os próprios indivíduos identificam ruídos e desenvolvem novos métodos ou ferramentas para se coordenar, sem precisar de interferência externa.

Inovação

Já existem inteligências artificiais capazes de criar obras de arte, mas sua criatividade está baseada na criatividade humana. Inovar nas empresas é essencial para se manter vivo e conectado com as necessidades do mercado, fazendo parte das responsabilidades de todos os profissionais que desejam liderar e crescer.

Fortalecer sua capacidade de inovação significa abrir espaço para novas ideias, oportunidades e soluções para problemas, algo que claramente beneficia qualquer tipo de trabalho – especialmente em meio a mudanças rápidas e constantes. Na prática, significa se abrir para perspectivas diferentes, identificar padrões e criar soluções verdadeiramente inéditas. A criatividade, vale destacar, é inata ao ser humano. É preciso apenas permitir que ela apareça.

Flexibilidade cognitiva

Uma competência que une criatividade, raciocínio lógico e sensibilidade para problemas, a flexibilidade cognitiva permite que uma pessoa consiga responder ao que acontece em diferentes contextos ao alavancar seus conhecimentos anteriores, mesmo que eles não estejam diretamente conectados com aquela situação.

Fundamentalmente, esta é uma capacidade adaptativa, informada por aprendizados e feedbacks passados e múltiplas perspectivas. Conforme ela é fortalecida, a flexibilidade cognitiva também aprimora a comunicação efetiva com diferentes interlocutores, facilitando a criação de argumentos mais precisos para cada um.

Liderança

O bom líder deve direcionar esforços para identificar e desenvolver os pontos fortes e fracos de seus colaboradores e, dessa forma, auxiliá-los a entregar seu melhor. Isso significa compreender genuinamente suas motivações, alinhá-las com os objetivos do negócio e traçar planos conjuntos que resultem na expansão de seu potencial profissional.

A liderança não é um aspecto burocrático do trabalho de um gestor, mas sim uma oportunidade para conhecer o outro e se autoconhecer, criando laços mais fortes, confiáveis e produtivos no processo. Essa transformação faz parte do novo tipo de liderança esperado hoje, uma competência humana que envolve empatia, diálogo, co-criação, coerência e transparência e vai além da conquista de metas e indicadores numéricos de sucesso.

Inteligência emocional

A inteligência emocional é uma competência que abriga diversas habilidades socioemocionais sob seu guarda-chuva. Entre as mais importantes estão: preocupação com o outro (entender suas necessidades e sentimentos), cooperação (ser uma pessoa fácil de se trabalhar), sociabilidade (saber trabalhar com e se conectar com outros) e percepção social (reconhecer e entender as reações alheias).

A comunicação entre seres humanos pode ser cheia de detalhes e emoções – e isso pode ter um impacto real no sucesso e na produtividade de um negócio. Comunicar com empatia constrói relações de confiança e cooperação.

Quem possui um alto índice alto de inteligência emocional sabe identificar e lidar com suas próprias condições emocionais e aquelas de seus amigos, colegas e clientes. Em seguida, consegue adaptar seu tom de voz, gestos e postura geral de acordo com aquela situação específica para obter o melhor resultado. Desenvolvê-la (especialmente em líderes e gestores) pode transformar positivamente comportamentos e resultados.

Julgamento e tomada de decisão

Trata-se da competência que julga os custos e benefícios relacionados com potenciais ações e a escolha do melhor caminho (a tomada de decisão). Claramente, essa é uma característica valiosa a qualquer momento.

Embora o poder de tomar decisões seja inerente, visto que é constantemente exercido – ao escolher o melhor caminho para se chegar ao trabalho ou defender uma estratégia de marketing e não outra, por exemplo –, utilizá-lo ao máximo para analisar uma situação e entender suas implicações exige prática, disciplina e foco.

Considerando a vasta quantidade de dados gerada pela tecnologia (e que só deve crescer), saber julgar e tomar decisões de forma inteligente é peça-chave para ter insights que não sejam superficiais, mas realmente capazes de transformar o negócio.

Negociação

Negociar significa fazer um acordo de troca ou cooperação entre os envolvidos. Quando os interesses de cada parte são discordantes, o líder capaz de gerenciar conflitos e determinar prioridades conseguirá reconciliar estas diferenças e chegar a uma decisão comum.

Para negociar bem – sobre verbas, prioridades, projetos –, é preciso ter clareza sobre a situação atual e aquela que se quer atingir. Sobre essa base, constrói-se uma argumentação sólida, capaz de traçar uma rota entre as duas pontas e genuinamente levar em conta desejos e anseios do outro lado.

Não é preciso apostar em um jogo de soma-zero e antagonismos. Em seu cerne, negociar com destreza significa construir uma compreensão mútua sobre um dado ponto de conflito e encontrar maneiras de facilitar sua solução, não em como impor obstáculos.

Orientação para servir

Quem domina essa competência está sempre ativamente buscando maneiras de ajudar os outros, de clientes a parceiros. Tê-la fortalecida significa identificar quais são as dores e as demandas do público e assim antecipá-las ou atendê-las mais rapidamente – seja através de novos produtos e serviços ou da adaptação do que já existe.

Especialmente em setores muito competitivos, é o serviço que frequentemente se destaca, fideliza um cliente e pode torná-lo um defensor da marca. Para tanto, é preciso empregar a empatia ao analisar uma dada situação ou obstáculo, evitar respostas prontas ou rotineiras e desenhar soluções personalizadas para aquele momento ou stakeholder.

Pode parecer excessivamente trabalhoso, mas não é: é uma mentalidade. Orientar-se levando em conta as necessidades do outro já é algo que fazemos no dia a dia, sem nem pensar, com colegas, amigos e familiares. Além de utilizar um dos principais pontos fortes das relações entre seres humanos, essa capacidade pode render insights transformadores para o negócio.

Pensamento crítico

Enquanto a tecnologia toma conta daquilo que pode ser automatizado (sejam tarefas repetitivas ou que já foram testadas e comprovadas), as pessoas que raciocinam de maneira crítica se destacam ao questionar suposições e diversificar seu jeito de pensar, angariando fatos, provas e múltiplas perspectivas para ter seus insights.

Especialmente útil na era dos dados, o pensamento crítico usa lógica e razão para identificar fraquezas e fortalezas de conclusões. É verdade que algoritmos realizam análises cada vez mais complexas, porém não conseguem levar em conta aspectos essencialmente humanos, como a ética e a ambiguidade.

Quanto mais conhecimento você tiver – em sua vida pessoal ou profissional, vale destacar –, mais insumos terá para pensar criticamente. Por isso, trata-se de uma competência que cresce com a experiência, pois vive de conexões entre vivências diversas.

Solução de problemas complexos

Essa competência identifica quais são as questões de difícil resolução, leva em conta as informações relacionadas e avalia as opções e a implementação de soluções de acordo com o mundo real. Na era da tecnologia, é algo fundamental. Dados podem apontar possibilidades com rapidez, mas, quanto mais complexo ou inédito for o problema, mais importante será a capacidade humana de transformar estes dados em inteligência.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, 36% dos trabalhos em todas as indústrias vão requerer a capacidade de resolver problemas complexos em 2020. Faz sentido: quando há transformações de grande porte para serem feitas, especialmente se envolvem múltiplas opções ou cenários, ainda é o ser humano que consegue pensar de trás para frente e enxergar novos caminhos.

Por que construir a equipe do futuro

O desenvolvimento de habilidades é o desafio-chave dessa era. Ao criar uma cultura de aprendizado contínuo, as empresas estarão implementando a mudança de mentalidade e as condições de desenvolvimento necessárias para ter sucesso neste século.

O Institute for the Future, que criou um relatório sobre habilidades em alta em 2020 em parceria com a Universidade de Phoenix, destaca o papel do setor empresarial, em especial de times de recursos humanos. Em meio às disrupções digitais, ter uma estratégia para desenvolver a equipe de forma aliada aos objetivos do negócio “deveria ser um dos resultados mais críticos de profissionais de RH e envolver colaborações com universidades para adereçar o lifelong learning”.

De acordo com a Organização Mundial do Comércio, a importância de corporações nesse momento é ainda mais ampla e impactante. Caso nações em desenvolvimento como o Brasil consigam fazer os investimentos requeridos nessa nova fase (em especial formando líderes com habilidades de empreendedorismo e gestão), elas serão capazes de aproveitar as oportunidades oferecidas pelas tecnologias digitais para fechar a lacuna com nações avançadas. Trata-se de ajudar a construir, junto com o time, o futuro de um país.

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